Postado em: 25/08/2023
PROJETO DO COLÉGIO CONSELHEIRO CARRÃO, DESENVOLVIDO ATRAVÉS DO ECOSSISTEMA VALE DO SOL DE ASSAÍ E EM PARCERIA COM UFPR CAMPUS DE JANDAIA DO SUL E SEBRAE É DESTAQUE NA MÍDIA NACIONAL.
Projeto de meninas cientistas transforma óleo de
cozinha em biodiesel
Combustível, que será utilizado em ônibus escolares, é resultado da
pesquisa de estudantes de escola pública do Paraná
Um projeto de meninas cientistas transformou óleo de cozinha em
biodiesel, no Paraná. O grupo de estudantes que realizou o projeto é do Colégio
Estadual Conselheiro Carrão, escola pública de Ensino Médio em Tempo
Integral, em Assaí (PR). Assim, as jovens criaram uma startup júnior para
a geração do biodiesel.
O projeto de iniciação científica 100%
feminina é fruto de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná
(UFPR). Assim, fizeram um dos ônibus escolares municipais
funcionar com o biodiesel criado na escola. Após a demonstração, o veículo
ainda seguiu circulando por quase uma semana com o combustível sustentável.
Segundo Matheus Rossi, professor de Química e Física e orientador
do trabalho, o objetivo número um do projeto “BIOSUN” é
organizar a produção do biocombustível dentro
da escola. Além disso, visa promover a criação de uma “linha
verde” na cidade, com foco nas políticas públicas de mobilidade urbana e
sustentabilidade.
“A ideia das
estudantes é transformar, com o apoio da prefeitura, parte dos ônibus
escolares em uma linha específica que só opere com o biodiesel produzido
por meio do projeto. É uma forma de solucionar o problema de descarte
irregular de compostos orgânicos e, ao mesmo tempo, promover uma verdadeira
experiência tanto científica quanto empresarial”, explica o docente.
A criação do
projeto e da startup surgiu a partir da ideia de competir no Hackathon
municipal desenvolvido pela Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação (SCTI)
e pela prefeitura.
Metodologia para a
transformação
O projeto se baseia
na premissa de que o óleo de cozinha, em sua maioria, passa por reciclagem em
forma de sabão. Porém, quando adicionado a alguns produtos químicos, é possível
produzir um combustível alternativo, ecológico e com menores índices de
poluição.
Assim, no BIOSUN, o
resíduo arrecadado é esquentado e mesclado com um álcool e uma base forte. As
primeiras levas foram produzidas na própria escola e as demais versões foram
desenvolvidas dentro da UFPR, no polo Jandaia do Sul.
“Inicialmente, foi
realizada uma coleta de amostra, uma pequena quantidade que seria o suficiente
para o ônibus participar do desfile. Durante essa fase, foram arrecadados o
equivalente a 12 litros de óleo, dos professores do colégio, que foram
transformados em 10 litros de biodiesel”, explicou Rossi.
De acordo com o
professor, a transformação do óleo de cozinha em biodiesel ocorreu por meio de
um processo chamado transesterificação. Primeiramente, o óleo passou por
filtragem para remover quaisquer resíduos sólidos.
Em seguida, a
equipe aqueceu o óleo e misturou com um álcool e uma base forte. Essa reação
química produziu biodiesel e glicerol. Após a separação do biodiesel do glicerol,
ele passa por quatro etapas de lavagem, para utilização.
“A estrutura
utilizada para esse processo foi o Laboratório da UFPR no polo de Jandaia do
Sul. O espaço proporcionou um ambiente adequado para a execução das etapas de
produção, garantindo a segurança e eficácia do procedimento. Há uma expectativa
de criar uma planta de produção de biodiesel dentro do colégio”, projeta o
professor.
Além disso,
a escola, que faz parte do Núcleo Regional de Ensino Cornélio Procópio,
também contou com o apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da
prefeitura de Assaí (PR).
Próximos
passos
Além de aguardar a
avaliação de viabilidade sobre a proposta de criação de uma “linha verde” na
cidade, as jovens cientistas querem desenvolver uma continuação do trabalho que
direciona os resíduos da produção do biodiesel, com foco no reaproveitamento
integral dos recursos.
“Outros objetivos são encontrar
parceiros, tanto na indústria química, visando obter reagentes e materiais
no menor custo possível, possibilitando a produção de um biodiesel de
bom custo-benefício, como também um investidor que
proporcione a criação de um novo laboratório”, finaliza o professor
Matheus Rossi.
Quem são as
estudantes?
As alunas que
participaram do projeto são Eduarda Pietra, Fabiane Hikari e Letícia Ayuimi, de
16 anos, junto a Eduarda Miura e Luiza Alves, de 17 anos. As jovens contam que
o interesse por ciência foi um dos combustíveis que motivou a participação no
projeto.
“Cresci com
afinidade com laboratórios, a parte prática de experiências me deixava curiosa.
A oportunidade de montar um projeto no qual eu pudesse desenvolver algo
científico me instigou muito. Junto com a sustentabilidade que sempre pratiquei
dentro de casa, parecia ainda melhor”, conta Eduarda Pietra.
“O projeto me
proporcionou uma experiência de como é a vivência em laboratório. Isso é algo
que me interessa muito e despertou algumas ideias sobre o que quero cursar na
faculdade. Além disso, a ideia do projeto em si é muito interessante e
divertida de trabalhar. Visto que priorizamos o interesse educacional, ao invés
de transformar isso em uma atividade lucrativa”, relata Eduarda Miura.
Letícia também
compartilha do mesmo sentimento. “Sempre quis participar de algo que envolvesse
ciência e elaboração de projetos, então quando perguntaram se eu queria, logo
aceitei. O fato de envolver sustentabilidade também foi um fator importante que
me interessou muito”.
Por sua vez, Luiza iniciou pela curiosidade e com o foco no futuro. “Meu interesse no projeto surgiu da oportunidade de conhecer mais a fundo como funcionaria um projeto científico e o trabalho dentro de um laboratório. Além de envolver a indústria química que é a área que pretendo trabalhar.”
Fabiane também relata ter gostado da experiência. “Me interessei tanto pelas causas sociais quanto pelo conhecimento adquirido logo no começo. A jornada no total foi muito interessante e esclarecedora, fez eu me encontrar e ter uma perspectiva de futuro mais clara.”